
Um padre maluco resolve realizar um sonho enrustido de infância, e se agarra a algumas centenas de balões de festa e sai voando. O padreco pirado voa em meio a um tempo ruim, com umas barrinhas de cereal e água, e deixa o resto por conta de Deus. Será que queria encontrar Deus em um milagre? Se queria um milagre, o milagre pode ser o ciclo de vida e morte, e que encontrou seu fim na morte. Eu prefiro chamar isso de burrice; de loucura patrocinada pela crença inveterada em um Deus que é mais humano do que ele imagina.
Tem louco para tudo nesse mundo, eu mesmo sou suficientemente louco para algumas coisas; mas, definitivamente, bem são para saber morrer de uma forma , digamos, menos estúpida. Imbecis morrem assim, a normalidade, a fatalidade, é outro caso. Vi devotos morrerem mais dignamente, tipo aqueles que fogem pela janela enquanto a inquisição entra pela porta, e cai no chão, continuando correndo com as pernas ferradas. Mas desse jeito? Voando para Deus? Ai, ai...essa gente é mais biruta do que uma cadelinha da raça pinscher que eu deixei cair algumas vezes de cabeça no chão e ficou lé-lé da cuca.
A desculpa do padre “baloeiro” era a caridade. Arrumar dinheiro para os projetos sociais da igreja. Outra insanidade. Não sei o que leva essa gente a abandonar os prazeres da vida terrena em nome de um paraíso que nem me parece tão atrativo assim. Lá não tem bebida, não tem sexo luxurioso, nem mesmo um heavy metal para agitar. Todo mundo em paz, empregado numa indústria de caridade, dependendo de um amor divino que nunca vi mais gordo, e rezando missas dominicais por toda a eternidade. Que asco...vontade de vomitar!
Toda a imaginação e sonhos dos primeiros cristãos, e dos medievais, não foram capazes de criar um atrativo paradisíaco como os que vemos no mundo hoje. Acho melhor a liturgia cristã começar a contratar alguns bons roteiristas de cinema para melhorar essa imagem do paraíso. O céu precisa ganhar mais néon, umas purpurinas, uns bares temáticos, anjos roqueiros e santas menos santificadas; senão a coisa vai descambar para um deserto tedioso nas nuvens.
Esse país, herdeiro do sectário povo português e de uma legião de igrejas reformistas, que reformam prédios velhos, e constroem templos no estilo grego para cultos orientais; é uma vergonha. Sinto por eles; sinto vergonha por eles e medo que um filho meu caia nessa cilada metafísica. Mas fazer o que? Vamos ironizar para não estressar muito, porque a vida real está aí, e ao alcance de todos. Melhor ganhar uns prazeres desse tempo de vida, do que viver sem tempo e com medo da vida nos templos dos Deuses.